Principal causa do transplante de córnea do Brasil, o Ceratocone, doença que afeta a camada fina e transparente que recobre o globo ocular, não tem cura. No Rio Grande do Norte, a estimativa da Sociedade de Oftalmologia do Estado (SOERN) é que cerca de 70 mil pessoas convivam com a enfermidade. Para incentivar o diagnóstico precoce, a campanha Junho Violeta de alerta ao problema traz uma série de ações.
No País, o Ceratocone atinge cerca de 150 mil pessoas por ano. Sua principal característica está na redução progressiva na espessura da parte central da córnea, que é empurrada para fora, formando uma saliência com o formato aproximado de um cone, o que origina o nome da doença. De acordo com Anderson Martins, médico oftalmologia e presidente da SOERN, trata-se de uma doença multifatorial, podendo atingir córneas mais frágeis, mais finas, mais curvas. O hábito de coçar os olhos pode ajudar a desencadear o problema. “O ceratocone pode ser confundido com outros problemas de visão, como o astigmatismo. Por isso, é crucial que as pessoas realizem exames oftalmológicos regularmente, especialmente se houver histórico familiar da doença”, explica.
Entre os principais sintomas está a visão borrada e distorcida, mudança frequente no grau dos óculos, sensibilidade à luz (fotofobia), comprometimento da visão noturna, visão dupla (diplopia), formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto (poliopia) ou de halos ao redor das fontes de luz. Para diferenciá-los de outras doenças, o presidente SOERN aponta que o diagnóstico acontece através de um exame de topografia e nos consultórios oftalmológicos. Por ser uma doença de caráter genético e hereditário, o Ministério da Saúde diz que forma de prevenção ainda são desconhecidas.
Quando a deformação da córnea não é grave, o uso dos óculos é suficiente. De acordo com a evolução da doença, pode ser necessário substituir os óculos por lentes de contato, que melhor se ajustam à superfície anterior da córnea e na correção do astigmatismo irregular. Outras opções de tratamento são os anéis intracorneais ou intraestromais, chamados de anéis de Ferrara, para regularizar a curvatura da córnea, e também o crosslinking, que ajuda a fortalecer as moléculas de colágeno da córnea.
O transplante de córnea é indicado somente em casos mais graves, quando não há respostas positivas em outros tratamentos. “Com a tecnologia avançada disponível hoje, como a topografia de córnea, podemos detectar a doença antes que ela cause danos significativos à visão”, explica o especialista.
De forma lúdica e ainda informativa, a SOERN, em parceria com o Hospital de Olhos de Parnamirim, lançou um vídeo educativo especial para alerta sobre a importância do diagnóstico, em formato de desenho animado contando a descoberta precoce até o tratamento da doença em Juno, um menino de 12 anos de idade. O vídeo “Juno e Ceratocone – 2024” está disponível no YouTube, através do perfil do Hospital de Olhos de Parnamirim.